Cultura de engajamento em redes de franquias

A vontade de trabalhar com franchising veio logo cedo. Fui muito influenciado pelo trabalho dos meus pais, que fundaram a rede Sapataria do Futuro no início dos anos 90.

Conforme fui trabalhando com franquias e estudando para aprimorar meu conhecimento, conheci o instrutor Adir Ribeiro, um dos autores do livro Gestão Estratégica do Franchising. Este texto é baseado em seus ensinamentos.

Os valores da franquia se perdem conforme a rede de franqueados cresce

A cultura da empresa franqueadora é definida no momento da criação da empresa, por seus fundadores. Porém, quando a empresa cresce, decorrente da expansão de sua rede de franquias, essa cultura vai se perdendo, com franqueados e colaboradores pouco alinhados com os valores da marca, e desengajados quanto ao planejamento estratégico estabelecido pela franqueadora.

Engajamento em redes de franquias ocorre em 5 esferas

Em redes de franquias, o engajamento de pessoas acontece em 5 esferas, ou elos, sendo a primeira esfera os franqueadores, isto é, os donos do negócio. São as pessoas que criaram a marca.

Ao desenvolverem o planejamento estratégico da empresa, definiram a missão, visão, valores e objetivos que pretendiam com o negócio. É o que chamamos de ethos, a origem, ou nascimento do negócio.

A segunda esfera é formada pelos colaboradores da franqueadora, ou seja, as pessoas que trabalham na empresa que foi criada, alinhadas às diretrizes desse planejamento estratégico e cultura.

O engajamento da equipe de colaboradores da franqueadora é extremamente importante, porque são eles que vão lidar com os franqueados que formam a rede.

Portanto, a terceira esfera é formada pelos franqueados da rede, que são as pessoas que compraram o direito de distribuir os produtos e serviços da franqueadora. É na terceira esfera, que temos o maior desafio hoje nas redes de franquias. Afinal, os franqueados devem atuar como empresários, exercendo com excelência a gestão de sua franquia, sob o tripé finanças, vendas e pessoas. Caberá ao franqueado alinhar os colaboradores de sua franquia à cultura e diretrizes estabelecidas pelos criadores da marca.

As pessoas que formam a equipe de colaboradores do franqueado compõem, assim, a quarta esfera de engajamento.

Por fim, a quinta esfera é formada pelos clientes da unidade franqueada que, ao serem engajados pelos propósitos e princípios da marca, alimentam toda a cadeia do negócio.

Quando o engajamento de uma rede de franquias não acontece

O engajamento em uma rede de franquias é menor quando o foco do negócio visa apenas o lucro, ou seja, o objetivo é apenas a venda de franquias e o franqueador não dá suporte à rede franqueada, não realiza encontros regionais com seus franqueados e não faz a gestão da rede.

Se o negócio visa apenas o lucro decorrente da venda de franquias, os franqueados serão mal selecionados, longe do perfil desejado para a gestão da unidade franqueada.

A seleção do ponto comercial, local onde a franquia será implantada, também fica comprometida, uma vez que a franqueadora não vai procurar saber como o seu franqueado está fazendo a gestão do negócio.

Como engajar franqueados

Os encontros regionais, convenções e pequenos workshops, são maneiras da franqueadora fazer a gestão de sua rede. Esses eventos são momentos cruciais para se reforçar a cultura da empresa junto dos franqueados.

Outra forma de engajar a rede franqueada é o suporte oferecido pelos consultores de campo, que tem como objetivo fazer o franqueado performar com excelência dentro da matriz OGV (indicadores de Operação, Gestão e Vendas) da unidade franqueada.

Como começar a permear a cultura da empresa entre os franqueados

Os franqueados precisam ter contato com o DNA da marca logo na capacitação inicial, para que entendam a cultura da empresa e suas diretrizes desde o início.

Realizar Discovery Day (dia em que o candidato à franquia descobre o negócio), ou permitir que o candidato participe de eventos da franquia, vão ajudar para que ele sinta qual é a cultura da empresa que ele deseja se tornar franqueado, bem como as diretrizes estabelecidas pela franqueadora para gestão do negócio.

A manutenção de cultura e valores de uma empresa vem de cima para baixo, se está vindo de baixo para cima, não é cultura, é motim.