Franquias de tabacarias ganham espaço em tempos de geração saúde
Enquanto o segmento de franquias de saúde foi o terceiro a crescer de 2014 para 2015, franquias de tabacarias se arriscam no mercado. Ao mesmo tempo que as pessoas intensificaram preocupação com a saúde e a “geração fit” tomou conta das redes sociais, negócios de tabacarias iniciaram expansão.
Embora seja um mercado com poucas marcas – e não tão conhecidas do grande público –, já há quem se destaque no segmento. É o caso da rede Candice Cigar & Co, que tem como diretora Candice Marocco. A executiva explica, no entanto, que a marca não é a favor do fumo em geral, mas da apreciação dos cigarros e charutos. “Está tudo ligado ao prazer. Um charuto demora até duas horas e meia para ser fumado e alivia o estresse. Acreditamos que é o momento de relaxamento”, argumenta.
Com mais de dez unidades em operação, a gaúcha Candice Cigar & Co se tornou uma das mais conhecidas no ramo e aproveitou para dividir o negócio em dois modelos de franquias: Express, que exige investimento de R$ 170 mil e proporciona um faturamento médio mensal de R$ 60 mil, e House, que tem um custo inicial de R$ 250 mil, gerando uma média mensal de R$ 200 mil de faturamento. Candice explica que o mercado do tabagismo – não se trata da venda de cigarros comercializados em comércios diversos – conta com um público muito exigente e que procura por lugares confiáveis para as compras, que incluem acessórios especiais e outros itens que possam combinar o momento. “Nós agregamos à tabacaria todo tipo de produto que possa ser interessante, de cafés a bebidas alcóolicas, por exemplo”, conta.
Esse mix de produtos é um ponto positivo para as tabacarias, segundo a consultora Ana Vecchi. “Tabacarias não vendem apenas cigarros e charutos. Vendem também itens que podem ser do interesse desse público. Ou seja, uma tabacaria atinge o público consumidor de tabaco e aqueles que procuram presentes para quem consume esse tipo de produto”, lembra.
A consultora acredita no potencial do nicho, mesmo sendo bem específico e ainda não podendo ser comparado aos outros setores já existentes. “Dá para crescer, a proposta é interessante e conta com questão de elegância e estilo de vida. Pode ser comparada às franquias de adegas de vinho, que também estão em crescimento”, avalia Ana.
Um “pouco” além da elegância
Outra marca que resolveu investir na expansão por meio das franquias foi a Ultra 420, voltada para o mundo dos consumidores da maconha. “Somos uma tabacaria contemporânea, uma headshop”, conta o paulista Alexandre Perroud, um dos sócios da loja. A ideia surgiu em 1994 e logo nos primeiros anos foi se formatando para o mercado brasileiro, encontrando fornecedores locais e até abrindo sua própria fábrica para garantir melhores preços. Perroud decidiu investir na expansão por franquia em 2015 e, atualmente, conta com uma loja franqueada. O investimento inicial para uma franquia da Ultra 420 é de R$ 141 mil. Segundo a empresa, o retorno é previsto para ocorrer em até 29 meses. Se há dúvidas sobre se há ou não mercado: o faturamento pode chegar a R$ 60 mil por mês.
Alexandre Perroud – já foi mencionado pela conceituada revista Forbes – conta que, no começo, a loja era vista com maus olhos. Para combater isso, apostaram em produtos variados para todo tipo de fumo, como bongs, narguiles, papel de seda, cachimbos, piteiras, entre outros itens. Também investiram em um estilo mais clean, fugindo do underground, dissolvendo um pouco o preconceito. O trabalho deu tão certo que a rede tem mídia interna (TV, Web Rádio e Revista) e é a única marca a estar no aplicativo “Who Is Happy”, um tipo de marcação de quem está fumando, ou, como dizem alguns, um Foursquare da maconha.
Mesmo sendo de nichos diferentes dentro do mercado de tabacarias, ambas as marcas poderiam ter passado por tempos difíceis motivados por restrições impostas pela legislação: a Candice Cigar & Co, com a lei federal de 2014, que proíbe fumar em lugares fechados em todo o país, e a Ultra 420, com a criminalização da maconha. Entretanto, segundo os executivos, nada disso afetou o consumo. Candice conta que a lei de 2014 foi o incentivo que precisava para agregar outros produtos às lojas, enquanto Perroud afirma que mesmo com leis contrárias, a tendência é que nada mude. “Todo mundo que fuma não vai parar de fumar”, antevê.
Candice e Perroud não são os únicos no ramo das tabacarias e acreditam no crescimento do segmento. Ele lembra que, em seu caso, quem procura abrir esse tipo de loja, como é a Ultra 420, é quem está inserido no movimento e gosta de estar envolvido. “É uma coisa muito maior do que a gente imagina. Além disso, o mercado é novo e gostam de investir em novidades. Agora é a nossa vez”, crava o diretor.