Um overview do “novo” McDonald’s
Conheça a “McEvolution” e entenda como a mais emblemática rede do ramo de alimentação no mundo está se (re)posicionando
É possível dizer que se você não
conhece o Mickey Mouse, a Coca-Cola e o McDonald’s, você não é deste mundo. Você
pode até dizer que nunca assistiu aos desenhos do ratinho mais famoso da história,
nunca bebeu a bebida gaseificada mais controversa da história e nem comeu um
sanduíche da rede de fast food mais
valiosa da história. Porém, convenhamos, não dá para dizer que nunca foi
impactado de alguma forma por essas marcas.
Nesse texto, meu foco está
direcionado apenas para uma delas: McDonald’s.
Em especial, para a “McEvolution”,
nova fase de evolução da marca em todo o mundo. Sim, em todo o mundo. Afinal,
países outrora fechados para negócios estrangeiros já estão abrindo as portas
para o “M” dourado em forma de arcos (te remete a algo?). É o caso da China,
país considerado foco para expansão com uma agressividade talvez jamais vista.
Em evento na capital paulista ao final de 2018, o vice-presidente de
desenvolvimento, Dorival Oliveira, garantiu que a meta é abrir mil lojas por
ano no país asiático a partir de 2019.
Modelo de franquias
Operando em mais de 115 países, o
McDonald’s conta com mais de 36 mil restaurantes, empregando diretamente mais
de 2 milhões de funcionários. Diariamente, serve mais de 70 milhões de clientes.
A contribuição do Brasil para esses números é a seguinte: mais de 2 mil lojas e
cerca de 2,2 milhões de consumidores todos os dias.
Um aspecto que pouca gente sabe e
que julgo interessante: cerca de 40% das lojas são franquias (pouco mais de 900),
sendo que elas estão nas mãos de apenas 64 franqueados, o que dá uma média de
aproximadamente 15 lojas por franqueado. E tem mais uma curiosidade: após oito
anos sem receber sequer um novo franqueado no Brasil, a rede abriu para que
quatro “novatos” pudessem ingressar em 2018. E se você quer entrar na extensa
fila de interessados, é bom ter a ciência de que é necessário ter o capital
para investimento integral. A rede não permite que o franqueado invista com
auxílio de linhas de crédito. Com isso, quero dizer que, sem, no mínimo, 2,5
milhões de reais na conta bancária, você dificilmente será um dos poucos
franqueados McDonald’s no Brasil. Talvez por isso, e por manter um processo de
seleção extremamente rigoroso, os resultados sejam quase sempre satisfatórios a
quem consome e a quem investe.
Novo momento
Por falar em satisfação, muita
gente já deve ter sentido que o tradicional McDonald’s está dando espaço, pouco
a pouco, para uma “nova cara”, com jeitão mais tecnológico. E essa é a tal “McEvolution”, em que a marca está
focando muito mais na experiência autêntica do consumidor. McDonald’s está
passando a ser mais do que refeição, mais do que um combo composto por
sanduíche, acompanhamento e bebida.
Em São Paulo, a unidade localizada na esquina da Avenida Henrique Schaumann com a Avenida Rebouças foi completamente repaginada – contou até com um suspense midiático e “instagramável” antes da reinauguração, em julho de 2017. A loja já disponibiliza acessórios como totem de autoatendimento, onde o cliente faz o pedido, mesas com interatividade eletrônica, cardápios digitais, Wi-Fi gratuito e carregadores de celulares nas mesas. A previsão, segundo o vice-presidente, é de que todas as lojas estejam neste padrão nos próximos três anos. “Inovar ou morrer”, esse é o mote do momento. Aquelas equipes que antes estudavam exaustivamente para baixar 15 segundos no processo de produção e entrega, agora estudam como proporcionar um momento agradável.
Para quem já teve a oportunidade de ir até uma das unidades que já aderiram ao “novo”, certamente já reparou que as mudanças não pararam na fachada e nos artigos de loja. Os atendentes estão liberados para o uso de maquiagem, além de não estarem restritos ao scrpit “Olá, bem-vindo ao McDonald’s. Qual seu pedido?”. Pois é, eles podem conversar com a criança que está com a mãe, podem perguntar como está seu dia. Podem até atender celular vez ou outra. É realmente um novo clima. Portanto, se você vai a um restaurante McDonald’s com a mente limitada a “comida rápida”, pode tirar seu cavalinho da chuva. A pegada agora é outra. O foco está no bom clima, no bom ambiente e bem-estar na relação cliente e equipe.
Você deve estar se perguntando: “Ei, não vai falar das investidas em novos produtos?”. Não muito. Esse tema já é de conhecimento de quase todos. Mas, para resumir, vamos lá. A rede, em todo o mundo, vem se esforçando para promover mudanças em seus ingredientes e processos, a fim de tornar a marca um pouco mais saudável, já que perdeu boa fatia do mercado nos últimos anos para negócios com apelo mais sadio.
Como está fazendo
Para que tudo isso seja possível,
a rede investiu mais de 40 milhões de reais em treinamentos de colaboradores
por meio da McDonald’s University. Até porque, á marca é conhecida por ser uma
das maiores empregadoras de jovens no país. Resultado: clientes mais
satisfeitos, turnover (rotatividade
de funcionários) muito mais baixo e maior rentabilidade.
Vem mais novidade por aí?
Ao que parece, sim. Um dos próximos desafios, e que já está claro que será uma das apostas do McDonald’s para já, é o sistema de delivery. Sem dúvidas, o assunto é pauta recorrente nas mesas de reunião. Ampliar esse canal de distribuição certamente dará ao negócio ainda mais potencial. Agora, vamos avançar um pouquinho mais. Como ficará o drive-thru quando o carro não tiver mais o motorista na direção? Pode parecer que estamos muito distantes dessa realidade – para muitos, nem é realidade –, mas isso já deve acontecer em maior escala a partir de 2020 em alguns países. Melhor já começar a se preparar para mais esse desafio. Será que vão tirar de letra mais esse?
Por Diego Pudo, jornalista e empresário especialista em alavancagem de franquias, CEO do Grupo Trivia.